quarta-feira, 24 de março de 2010

PRIMEIRO CONTATO

Me pego a recordar como meus projetos, minhas invenções

Trouxeram outras idéias que compartilhei com outras nações

Conto a vocês talvez em forma de metáfora meu destino

Que antes nunca tinha percebido

Sobre a DÚVIDA criei o impossível

Fiz o homem voar no impulso de meu sentido

Sentido este que me faz aterrissar quando penso que as barreiras qualquer um pode ultrapassar.

Pois bem, este sentido parece meio complicado

Algo criado por um cientista, algo friamente calculado

Porém, eu diria que seria mais simples, algo mais leve

Como um sopro quente e breve

De uma brisa que as nuvens carregam

E as dores do SILÊNCIO levam

Eu me lembro muito bem

Numa tarde SILENCIOSA como qualquer outra

Cortado pelo zumbido de uma senhora bem louca

Era pequena, rápida, esguia e bela

Apresento a você sua alteza: LIBÉLULA

Talvez aquela tarde não teria sido tão diferente

Se não fosse aquelas lindas borboletas

Ao posar nas cheirosas violetas

Chamando atenção minha e de vossa alteza...

A leveza e a velocidade das borboletas

Formando desenhos intricados de rara beleza

Trouxeram felicidade a sua alteza

Porém ficou triste ao perceber

Que maltratavam um pequeno ser

Que lutava para ver o céu entre as folhagens da relva

Só para ver o céu mais de perto, talvez sair daquela selva...

- Porque queres voar pequenina?

Se é um pequeno inseto sem serventia?

Falou uma das borboletas

Quieta analisou-as, olhou novamente para o céu azulado

E decidiu que a elas iria dar o trocado

- Um dia inventarei asas pra voar

Elas não perdem por esperar...

Ali observando aquelas palavras fiquei sentado

Vendo aquela situação preferi não interferi e ficar calado

O pequeno ser era uma lagarta miúda verde e sem graça

Que a todos servia de piada.

Achava que os pássaros, as borboletas eram símbolo de LIBERDADE

E decidiu inventar asas para desvendar tal verdade...

- Como começar? Como fazer-me voar?

Indagou-se a pequena lagarta faceira

- Acho que vou começar com as folhas de bananeira

No qual sei que vão funcionar!

E vi a tentativa frustrada do pequeno a saltar!

E lá estava a ela no chão a esborrachar...

Neste momento quando todos riam de sua tentativa

Só pensava que poderia ter outra idéia noutro dia, e noutro dia...

Até que um dia pudesse a aposta conseguir.

Acompanhei todas as suas tentativas de abrir asas e sair

E num dia igual a este quando fui vê-la

Estava ela com um pequeno balão de teia

Feita pela dona Aranhia e suas amigas....

Ela estava voando, na altura dos pássaros

Acima das borboletas ao lado de sua alteza

LIBÉLULA também conhecida como princesa

Das águas e dos ares do reino das realezas...

Entendi sua alegria por todos aqueles olhares

De inveja, ou repreensão por ver que a lagartinha

Finalmente voar conseguiria...

Mas quando estava a pairar sobre as arvores

Sentiu uma dor estranha naquela tarde

E decidiu seu balão pousar...

Recolheu-se para sua casa, seu casulo

E de lá não quis voltar...

As borboletas, os pássaros e sua Alteza

Ficaram intrigados por tal estranheza

E decidiram visitar a lagarta para ver se a ela algo melhorava...

Nada mudou por semanas e eu fiquei ali tentado entender

O que estava acontecendo com aquele pequeno ser...

Num dia quando voltei da escola, voltei correndo pra ver

Se algo mudara naquele pequeno ser...

E sim....Havia uma grande festa pois surgira no meio da floresta

A borboleta mais linda que todos já tinham visto falar

Mas não pude acreditar que esta seria aquela pequena lagartinha a se transformar...

E neste momento de festa ponho-me a perguntar:

Será que as borboletas lembram que já foram uma lagarta?
Será que a lagarta sabe que um dia vai voar?

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"O sonhador tem sempre uma nuvem a transformar. A nuvem nos ajuda a sonhar a transformação."

Gaston Bachelard